Mídia nacional aponta Cabo Gilberto como ‘pró-impunidade’ para autores dos ataques aos Três Poderes


O deputado federal diplomado Cabo Gilberto Silva (PL) foi citado pela mídia nacional, em matéria publicada na tarde desta quinta-feira (12), em uma lista de parlamentares bolsonaristas que defendem impunidade para os terroristas que atacaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8).

De acordo com um levantamento do The Intercept Brasil, o paraibano e outros 11 deputados federais defendem impunidade para terroristas e quem atenta contra a democracia, principalmente os que estavam acampados no Quartel-General do Exército em Brasília e foram levados para a Academia Nacional da Polícia Federal. Eles alegam que os direitos humanos dessas pessoas estão sendo desrespeitados e chegam ao cúmulo de comparar o local para onde elas foram conduzidas a “campos de concentração” nazistas.

Ainda de acordo com o levantamento do Intercept, além dos parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, deputados de outras legendas eleitos em 2022 também defenderam, incentivaram ou ao menos tentaram justificar de alguma forma os ataques terroristas do último domingo. Dez deles apoiaram abertamente os golpistas, como se eles se manifestassem por causas legítimas; 24 procuraram disfarçar o apoio, minimizando os protestos, desviando o foco das acusações ou culpando “infiltrados de esquerda”; e outros 12 foram contrários às prisões dos terroristas, chegando a alegar a ocorrência de violações – não comprovadas – de direitos humanos.

A matéria da jornalista Nayara Felizardo cita ainda a ex-primeira dama da Paraíba, Pâmela Bório, suplente de deputado federal do PSC-PB. Pâmela marcou presença nos atos terroristas, usando as cores da bandeira do Brasil e proferindo discursos golpistas. Imagens divulgadas no seu próprio Instagram, depois apagadas, mostram que ela subiu no telhado do Congresso. A ex-esposa do ex-governador Ricardo Coutinho, do PT, aparece nos vídeos acompanhada do filho, que é menor de idade.

Os parlamentares que estimularam abertamente a participação em atos terroristas podem ser responsabilizados, mas o processo até a punição é longo, explicou o advogado e doutor em Direito pela USP, João Paulo Martinelli. “Em âmbito criminal, o uso da violência ou grave ameaça com intuito de abolir o estado democrático de direito e depor o governo legitimamente constituído é considerado crime contra as instituições democráticas, previsto no artigo 359 do Código Penal. Já o artigo 287 trata da apologia ao crime ou ao criminoso”, destacou o jurista. Nesse caso, a denúncia teria que ser oferecida ao STF pelo procurador-geral da República, o bolsonarista Augusto Aras.

Já na esfera administrativa, a denúncia pode se dar por quebra de decoro parlamentar, ou seja, pelo comportamento inadequado de um deputado. Qualquer cidadão tem o direito de fazer uma denúncia ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, desde que um partido político assine a representação. Depois disso, há um trâmite interno que pode culminar na votação em plenário pela cassação do parlamentar. Para isso, é preciso que ao menos 257 deputados votem pela perda do mandato.

WSCOM

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