Ações de improbidade por desvios em obras na cidade de Patos são ajuizadas pelo MPF

Três ações de improbidade administrativa como desdobramento da Operação Outside, deflagrada em 2024 para investigar um possível esquema de corrupção e outras irregularidades na prefeitura de Patos, no Sertão paraibano foram ajuizadas pela Procuradoria da República na Paraíba. As investigações estão relacionados à execução de contrato que visa à restauração de avenidas da Alça Sudeste e da Avenida Manoel Mota (Alça Sudoeste), ambas na cidade.     

A obra – ainda em andamento – é financiada por recursos federais provenientes de contrato de repasse celebrado entre o Ministério do Desenvolvimento Regional – por meio da Caixa Econômica Federal – e a prefeitura de Patos, para a execução das obras no valor de R$ 4,2 milhões, valor apresentado pela empresa declarada vencedora na licitação.    

As ações de improbidade ajuizadas buscam a responsabilização civil de agentes da administração municipal e de indivíduos e entidades do setor privado. Antes, a Operação Outside já havia resultado no oferecimento de ações penais contra os envolvidos.    

Fraude à licitação – Na ação de improbidade nº 0002422-18.2025.4.05.8205, o MPF pede a responsabilização de três funcionários públicos, um empresário e da empresa favorecida no esquema, por atos de improbidade que frustraram a legalidade da licitação. A investigação constatou a manipulação do edital para restringir a concorrência e direcionar a licitação à empresa beneficiada, com a inserção de exigências ilegais pela então presidente da Comissão Permanente de Licitação, que já havia atuado como preposta da mesma empresa em 2020.    

Conforme a ação, houve prestação de informações privilegiadas e assessoria indevida por parte da ex-coordenadora do Núcleo de Convênios da prefeitura, que atuou informalmente em favor da empresa vencedora, repassando dados sigilosos e acelerando trâmites burocráticos. Como contrapartida, foram identificados pagamentos de propina, chamados de “cheiro”.    

A apuração também revelou a cooptação do engenheiro da prefeitura responsável pela planilha orçamentária da obra, que paralelamente elaborou o projeto executivo da empresa. A atuação buscava garantir maior margem de lucro por meio da redução de custos na execução contratual. Além disso, a proposta da empresa incluiu um deságio de 15,04%, imposto por “ordem de cima”, que seria compensado por futuros aditivos, gerando superfaturamento.    

Segundo o MPF, empresas concorrentes participaram do conluio para legitimar o certame. Algumas teriam sido instruídas a não apresentar documentos essenciais e a não recorrer de desclassificações, em troca de vantagens financeiras, denominadas “pedras”, “acordo” e “lambu”. O valor total dessas vantagens chegou a R$ 100 mil. A empresa vencedora, sem estrutura operacional, ainda terceirizou ilegalmente a execução da obra após garantir o contrato.    

O prejuízo aos cofres públicos foi estimado em cerca de R$ 380 mil até maio de 2023. O MPF destacou que a fraude frustrou a transparência e a concorrência que deveriam reger a licitação.     

Fonte: Ascom/MPF

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