Aos 54 anos, a escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na noite desta sexta-feira (7). A cerimônia foi realizada no Petit Trianon, localizado na Avenida Presidente Wilson, Centro do Rio, e contou com a presença de artistas como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e Lázaro Ramos.
A historiadora Lilia Schwarcz foi a responsável por fazer o discurso de recepção da nova imortal, e primeira mulher negra eleita. “A noite é histórica, sobretudo, porque é a primeira vez que uma mulher negra, com a importância literária, ativista e pessoal de Ana Maria Gonçalves, entra na ABL. Essa cerimônia é também histórica, porque Ana é autora de “Um defeito de cor”, romance que virou símbolo de um Brasil que clama por inclusão e pluralidade”, disse na abertura.
O clássico premiado citado por Schwarcz tem 952 páginas e foi publicado em 2006. A escritora levou cinco anos concluí-lo (dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita). Ele narra a trajetória de Kehinde, uma mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada na história de Luiza Mahin, mãe do advogado abolicionista Luis Gama.
A escritora recebeu da Acadêmica Ana Maria Machado o colar que carrega o significado de pertencimento. E, por fim, o diploma de membro efetivo, entregue pelo também Acadêmico Gilberto Gil. Em seu discurso de posse, a imortal fez um agradecimento especial para seus pais. “Bença, mãe! Bença, pai! Quebro aqui o protocolo agradecendo primeiro a presença e a vida de vocês, salientando o quanto foram importantes nessa minha caminhada. Se eu segui adiante foi porque eu nunca tive dúvida de que sempre teria para onde voltar, caso qualquer coisa desse errado”, disse.
Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, em Minas Gerais, em 1970. É roteirista, dramaturga e sócia-fundadora da terreiro Produções. Largou a publicidade, onde trabalhou durante 15 anos, para escrever “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e Um defeito de cor”.
Começou a escrever contos e poemas desde a adolescência, sem chegar a publicar. A paixão pela leitura nasceu durante a infância, e desde criança lia jornais, revistas e livros. Já publicou contos em Portugal, Itália e nos Estados Unidos, onde morou por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais. Foi escritora residente nas Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California) e Middlebur (Vermont).
Fonte: O Dia








