Copom eleva taxa básica de juros para 10,75%, maior patamar em 4 anos
Na primeira reunião do ano, o Comitê de Política Monetário (Copom) decidiu aumentar a taxa Selic (a taxa básica da economia e que regula os juros) em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A medida busca controlar a inflação, que fechou o ano passado em 9,25% – porcentagem bem acima da meta estabelecida pelo governo, de 3,75%.
É o oitavo aumento seguido da taxa de juros desde o ano passado. É a primeira vez em mais de quatro anos que a Selic é elevada para acima de 10%.
Segundo o relatório “Focus”, divulgado pelo Banco Central, analistas do mercado financeiro preveem que a taxa chegue a até 11,75% ao ano no mês de março, porcentagem a qual deve fechar 2022. Neste ano, a meta de inflação é de 3,50% e, pela regra vigente, será considerada oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
Normalmente o aumento da Selic é utilizado pelo BC para conter a a alta de preços. Quando a inflação está em descontrole, o comitê eleva a taxa de juros. Desta forma, o Copom consegue ancorar as expectativas dos consumidores desestimulando a economia pelo canal de crédito.
“Se um comerciante, por exemplo, não acredita que aquela alta é temporária, ele regula seus preços pensando nisso. Existe uma ancoragem das expectativas”, afirma a chefe de Economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá. “O BC precisa passar uma mensagem forte para a população”, declara.
Consequências
Segundo economistas, o aumento dos juros provocará taxas bancárias mais elevadas, impactando, assim, o consumo da população e os investimentos produtivos.
Outro problema previsto pelos especialistas são despesas maiores com os juros da dívida pública. O crescimento da Selic em um ponto percentual gera aumento R$ 30,8 bilhões de reais na dívida bruta e de R$ 31,9 bilhões na dívida líquida.
“Não podemos esquecer que esse movimento de alta da Selic prejudica a dívida e gera um grande problema para o país. Mas, o papel do BC é controlar a inflação. Se a dívida esta alta, isso não é culpa do BC, mas do governo. As políticas devem ser coordenadas”, ponderou Raquel.
Metrópoles